Por Otávio Pilz
O sucesso do Brasil no surfe é fruto de uma história que começou muito antes da Brazilian Storm. Acompanhe um pouco da trajetória do esporte no país.
Marcelo Fukuda
Em 1935, mais precisamente em Santos, Thomas Rittscher Júnior, norte-americano radicado na cidade, teve a idéia de construir uma prancha ao ver instruções na revista americana Popular Mechanics, trazida por seu pai.
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Como Thomas trocou rapidamente o surfe pela vela, poucos conheciam a verdadeira origem. Assim, a "paternidade" do surfe brasileiro por muito tempo foi dada a um trio de garotos, também de Santos...
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Osmar Gonçalves (dir), Juá Haffers (esq) e Silvio Manzoni tinham entre 15 e 16 anos quando viram Thomas surfando no Boqueirão. Após uma boa conversa, pediram a famosa revista emprestada pra construírem sua própria prancha.
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Tábua Santista
A partir daí, o esporte foi se espalhando pelas praias do país. Em 1952, uma turma liderada por Jorge Paulo Lehman, Paulo Preguiça e Irencyr Beltrão iniciou o desbravamento das ondas de Copacabana.
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Entre a segunda metade dos anos 1950 e o início da década de 1960, as pranchas eram todas de madeirite, como a lendária "Porta de Igreja', de Arduíno Colasanti. Em 1964, chegam dos EUA as primeiras pranchas de fibra de vidro.
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Em outubro de 1965 é organizado no Rio pela recém-fundada associação do estado, o primeiro torneio do país. Jorge Bally, o Persegue, e Fernanda Guerra foram os primeiros campeões cariocas de surfe.
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Nos anos 70, o surfe invadiu as praias de todo o Brasil. Muito mais do que esporte, era um estilo de vida, que aos poucos, ia se tornando presente na cena urbana, principalmente, do Rio de Janeiro.
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No ano de 1976 acontece o primeiro circuito mundial de surfe. E logo na estreia, teve vitória brazuca. Pepê ganhou a etapa do Arpoador e chegou à decisão em Pipeline, terminando em sexto.
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Divulgação
A década 80 marcou a popularização do esporte, muito em razão dos filmes que dialogavam com os jovens cariocas. A TV e a música também embarcaram na onda e a moda "surfwear" entrou nos armários até de quem não era adepto do esporte.
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Em 1980 uma vitória histórica para o país. O carioca Daniel Friedmann se tornou o primeiro estrangeiro a vencer uma competição profissional na Austrália. Ele bateu o anfitrião Mark Richards na final e levou o Stradbroke Invitation.
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Um dos grandes nomes da modalidade no inicio do profissionalismo foi o santista Picuruta Salazar. O "Gato" tem 170 títulos na carreira e é o maior campeão brasileiro, com 10 canecos. Nascia a rivalidade RJxSP no mar.
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Em 1987 acontece o primeiro circuito brasileiro de surfe. Criado pela ABRASP, durou 4 edições e teve como seu campeão inaugural Paulo Matos. Natural de Guarujá, Paulinho do Tombo levou o título da competição que teve 5 etapas.
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Os anos 90 marcam uma presença mais constante dos brasileiros no então WCT. O catarinense Teco Padaratz e o paraibano Fábio Gouveia se tornam os primeiros surfistas do país a disputarem o circuito mundial completo.
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Outros dois nomes refletiram esse crescimento nos anos 1990. O paranaense Peterson Rosa foi o 3º brasileiro a entrar no WCT; e o baiano Jojó de Olivença quebrou um tabu, se tornando o primeiro negro na elite do surfe.
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Em 1999, o cabofriense Victor Ribas alcança o melhor resultado de um brasileiro no WCT ate então, terminando a temporada em 3º lugar. A primeira década do novo século marcou um jejum.
Kelly Cestari
Durante um período em que as vitórias brasileiras foram raras no circuito masculino, entre as mulheres, a cearense Silvana Lima bateu na trave duas vezes seguidas e foi vice-campeã em 2008 e 2009.
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Da vitória de Neco Padaratz na França em 2002, ao triunfo de Bruninho Santos no Taiti em 2008, o Brasil passou seis anos sem vencer uma única etapa no WCT. Mas bons ventos traziam uma tempestade...
ESPN
OFF
O vendaval da "Brazilian Storm" começou com Adriano de Souza, o Mineirinho. Subiu à primeira divisão em 2005, 10 anos depois, se tornou o segundo brasileiro campeão mundial. Após 16 temporadas, se despediu da WSL, em 2021.
WSL
Foi Mieirinho quem abriu as portas, mas o primeiro título mundial veio para o Brasil pelas manobras de Gabriel Medina. Em 2014, o paulista conquistou o campeonato após uma intensa disputa com o australiano Mick Fanning.
WSL
Medina repetiu a dose em 2018. Dessa vez, a disputa no circuito ficou entre o brasileiro e o americano Julian Wilson. Na última etapa, em Pipeline, Gabriel venceu Julian na final e levou a taça pra casa.
WSL
No ano seguinte, o título continuou no Brasil, mas em outra casa. Em uma decisão verde-e-amarela em Pipeline, o potiguar Ítalo Ferreira impediu o tri de Gabriel Medina e se tornou o terceiro brasieiro a se sagrar campeão da WT.
WSL
O ano de 2021 será inesquecível para o surfe brasileiro. Na estréia da modalidade em olimpíadas, Ítalo faturou o ouro ao derrotar na final o atleta da casa, Kanoa Igarashi, ajudando na melhor campanha olímpica do Brasil em 100 anos.
Pablo Jimenez
Sportv
Na disputa final do circuito feminino, a brasileira Tatiana Weston-Webb ficou muito próxima de fazer história. Ao perder para a havaiana Carissa Moore, a gaúcha terminou com o vice-campeonato, igualando Silvana Lima.
WSL
A temporada brasileira nas ondas foi coroada com o tricampeonato de Medina. Em uma final "paulista", Gabriel venceu Filipinho Toledo, outro importante nome da atual geração, e comemorou seu terceiro caneco da WT.
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WSL